Bulimia: sintomas, tratamento e papel do nutricionista

A bulimia é um transtorno alimentar que tem como principal característica episódios de compulsão alimentar, ou seja, a ingestão de grande quantidade de alimentos em um período curto de tempo e seguido de métodos compensatórios para a perda de peso. As pessoas que apresentam esse quadro acabam vivendo em círculo vicioso de compulsão – purgação.

O quadro de Bulimia

Um quadro de bulimia nervosa pode iniciar por uma necessidade real ou imaginária de perda de peso, decorrente de extrema insatisfação com o corpo. No entanto, diferentemente das anoréxicas, na maior parte das vezes, as pessoas com bulimia não conseguem aceitar o seu peso corporal adequado à sua idade e estatura,  e ainda desejam manter-se próximas aos limites inferiores aos padrões de normalidade.

A maioria das pessoas bulímicas sofrem tentativas de restringir excessivamente a ingestão de alimentos para controlar o peso. Inicialmente, a fome costuma ser o principal disparador de um episódio bulímico. Esses episódios geram um grande desespero, pois ameaça a pessoa naquilo que ela mais teme: o ganho de peso.  Por isso, no começo o ganho de peso é evitado por métodos menos invasivos, como exercícios físicos intensos ou restrição na alimentação (ficam até em jejum), até que se envolvem em manobras compensatórias, como indução do vômito e uso de laxantes ou/ e diuréticos.

Nos episódios compulsivos, as pessoas no quadro de bulimia ingerem, em média, de duas a cinco mil calorias, havendo relatos que alcançam mais de 15 mil calorias em um único episódio. Os alimentos preferidos são os fáceis de engolir e vomitar, em geral, altamente calóricos, como: sorvete, chocolate, balas, doces, bolo, biscoitos, leite condensado, pipoca, salgadinhos e pizza, todos consumidos em exagero. Em média os um episódios de compulsão duram pouco mais de uma hora, podendo variar entre 15 minutos e oito horas.

As manobras utilizadas para compensar a ingestão calórica elevada são diversas. As pessoas  mastigam a comida e cospem antes mesmo de engolir, porém a grande maioria recorre ao vômito. Algumas também, acreditando que impedem a absorção de calorias, utilizam laxantes.

 

Complicações Clínicas

As complicações clínicas da bulimia vão variar dependendo do tipo de método compensatório que o paciente utiliza para perder peso.

Vômitos excessivos podem ocasionar calosidade no dorso da mão pela lesão de pele causada pelos dentes ao provocar o vômito (sinal de Russel), erosão do esmalte dentário e cáries. O paciente ainda pode apresentar dor abdominal, gastrite, esofagite, erosões gastroesofágicas, sangramentos e em casos mais graves perfuração esofágica e ruptura gástrica.

O consumo contínuo e abusivo de laxantes gera dependência. O intestino passa a necessitar de doses cada vez mais elevadas para obter efeitos semelhantes, o que gera o abuso de laxantes, com risco de graves complicações clínicas.

 

Tratamento Nutricional da Bulimia

 

O tratamento feito pelo nutricionista é fundamental, pois os pacientes com esses transtornos possuem um quadro nutricional debilitado, devido às “inadequações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentar, além de diversas crenças equivocadas sobre alimentação” (LATTERZA et al., 2004, p. 174).

O tratamento nutricional na bulimia nervosa busca a mudança no comportamento alimentar, auxiliando na parada dos processos purgativos. A adoção de um esquema e diário alimentar e a orientação nutricional demonstram ser um importante auxílio no manejo inicial dos sintomas para interrupção dos comportamentos compensatórios e da compulsão periódica.

O histórico de oscilação de peso acompanha grande número de pacientes bulímicos. Embora apresentem um peso normal e não necessitem de um programa para reposição de peso, esses pacientes precisam ser conduzidos a  alimentarem-se adequadamente, abandonando as práticas restritivas e aceitando a ideia de atingir um peso considerado além do desejado. Mesmo que um paciente apresente algum grau de sobrepeso e até mesmo de obesidade, ele deve propor-se a uma mudança no comportamento alimentar sem ter como objetivo a perda de peso. Vale ressaltar que o fato de a paciente reestruturar sua alimentação e mudar os hábitos alimentares, não raro, permite uma perda de peso sem auxílio de uma dieta restrita em calorias.

O Nutricionista auxilia a paciente a adquiri um novo padrão alimentar, encorajando-a ao consumo de todos os alimentos que não representem restrição calórica. Levantar as dúvidas da paciente, traduzir seus anseios a respeito da nutrição, desmistificar falsos conhecimentos sobre sua alimentação normal e sadia são formas de auxiliar no tratamento.

O tratamento tanto da bulimia, como da anorexia é feito por uma equipe multidisciplinar, envolvendo nutricionistas, psicólogos e médicos (SILVA E SANTOS, 2006). Importante ressaltar que “pesquisas mostram que a família contribui para o aparecimento e manutenção da doença e por isso deve participar do tratamento multidisciplinar.” (COBELO, 2008).

 

Referencias:

 

ALVARENGA,M.,SCAGLIUSI,F.B.ePHILIPPI,S.T.(Org.).Nutriçãoetranstornosalimentares.Barueri: Manole, 2011.521p.

 

DEMÉTRIO, F. et al. A nutrição clínica ampliada e a humanização da relação nutricionista-paciente: contribuições para reflexão. Revista de Nutrição, Campinas, v. 24, n. 5, p. 743-763, set./out. 2011.

GOULART, D.M. e SANTOS M.A. Corpo e Palavra: Grupo Terapêutico para pessoas com transtornos alimentares. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 4, p. 607-617, out./dez. 2012.

Marina Viana

Sou Marina Viana Reis, nutricionista (CRN 19489) fascinada pela vida e pela saúde. Tenho foco na prevenção de doenças tendo como principal objetivo trazer mais qualidade de vida para meus pacientes através da alimentação. Graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) sou especialista em Nutrição Clínica, Nutrição Ortomolecular, Nutrição Biofuncional e Fitoterapia pela Sociedade Universitária Redentor (FACREDENTOR RJ). Atuo no atendimento integral de meus pacientes, sob o ponto de vista clínico convencional, ortomolecular e fitoterápico, considerando as necessidades humanas individuais, com ênfase na atuação e otimização do comportamento saudável como forma de prevenir doenças, promover a saúde e o bem estar de crianças, adolescentes, adultos e idosos.

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